Região de Santa Maria tem vencedores na 44ª Califórnia da Canção Nativa

Mais uma vez, o jaguariense de coração Nilton Ferreira se consagrou o grande vencedor da Califórnia da Canção Nativa. A música que lhe rendeu a tradicional Calhandra de Ouro e o prêmio de R$10 mil foi a milonga “Eu e o Balde” com letra de Flávio Saldanha e canção e interpretação de Nilton. O santa-mariense Tuny Brum foi escolhido o Melhor Intérprete, com a música “Pássaro Cantante”. A 44ª edição da Califórinia da Canção Nativa, festival que já revelou grandes nomes da música gaúcha, como César Passarinho e Leopoldo Rassier, teve início na noite do dia 7 de dezembro. O evento gratuito ocorreu na Concha Acústica César Passarinho, no Parque Dom Pedro II – Parcão de Uruguaiana.

Neste ano, o evento começou pela Califórnia Estudantil, uma inovação desta edição, e seguiu com a apresentação das primeiras 12 músicas classificadas, no dia seguinte. Na sexta-feira, 9, foram apresentadas as outras 12 canções. Em cada dia, foram selecionadas seis melodias para compor a lista das 12 que se apresentaram na grande final, na madrugada de domingo, dia 11.

Além da divulgação dos resultados, o público acompanhou os espetáculos de Luiz Irrazabal e Juan Saucedo, tributo a Bebeto Alves por Mauro Moraes e show da cantora Deolinda Sosa, da Argentina. O festival foi uma realização do CTG Sinuelo do Pago com apoio da Prefeitura de Uruguaiana.

TRÊS DÉCADAS DE NATIVISMO

Compositor, instrumentista e cantor, Nilton Ferreira tem mais de 30 anos de carreira na música regional gaúcha. Nascido em 1971, no 5º Distrito de São Francisco de Assis, ele morou em Santiago e, em 1991, chegou a Jaguari. Nilton inclusive é Cidadão Jaguariense, título concedido pela Câmara de Vereadores do município. Em 1989, iniciou sua carreira profissional com o Grupo Ases do Fandango, de São Francisco de Assis. Também foi integrante do Grupo Legendas, por noves anos. Nilton Ferreira participou de vários festivais musicais do Estado e do país, sendo vencedor de vários deles. Também é vencedor do maior festival de música raíz do Brasil, o Viola de Todos os Cantos, de São Paulo.

Nilton Ferreira possui 12 discos gravados em sua carreira; entre eles, destaca-se “Para o Orgulho do Rio Grande”, em parceria com Walther Morais. Foi indicado ao premio Açorianos de Música, de Porto Alegre, com o CD “Milongas de Pampa Y Cielo” e ao Grammy Latino, com disco do grupo Pátria Sulina que produziu em Santa Catarina. Nilton Ferreira possui mais de 900 músicas gravadas por grupos e artistas renomados como “Os Monarcas”, “Os Mateadores”, “Os Serranos” e Walther Morais. Em 2003 foi o maior vencedor de festivais do Estado do Rio Grande do Sul, fato que tornou a repetir-se em 2005, 2006 e 2018.

Nilton era o atual detentor da Calhandra de Ouro, pois, além de 2019, também foi vencedor do festival em 2021. Ele fala que a música “Eu e o Balde”, a qual interpretou, traz uma importante simbologia:

– Toda vez que o balde vem do fundo do poço até a borda, ele traz a vitalidade da água. E foi isso que o compositor Flávio Saldanha fez, uma alusão ao fundo do poço. Quando trocamos o balde, lembramos que nós também vamos embora daqui um dia e ficam os nossos filhos, nossos ensinamentos e tudo que a vida nos deu de bom. Foi um privilégio levar essa musica ao palco. É um festival muito difícil de ser ganhado.

Nilton reforça o quanto a região de Jaguari influencia em sua música. Ele conta que sempre tratou a música com muita responsabilidade, mas desde que recebeu o título de Cidadão de Jaguari, sente que carrega toda a cidade consigo nos palcos.

– Jaguari abri muitas portas pra mim e me colocou no cenário musical. Depois que cheguei aqui, tudo aconteceu. Se Deus me permitir subir mais uma vez no palco para defender a Calhandra de Ouro, o farei com maior carinho e respeito. Não é sobre vencer, é sobre não desistir. A nova geração da musica regional está muito bacana, eles precisam perceber que vale a pena fazer música – finaliza Nilton Ferreira.

Tuny Brum com o troféu de Melhor Intérprete na 44ª Califórnia da Canção Nativa

Já Tuny Brum foi eleito melhor intérprete com a canção “Pássaro Cantante”, em parceria com Dilan Camargo. A música foi apresentada no palco da Califórnia no formato voz e violão. Felipe Goulart, responsável pelo violão, foi eleito o melhor instrumentista. Tuny tem mais de 400 músi-cas gravadas, quatro discos lançados e é vencedor de diversos festivais no Estado.O artista morou em Santa Maria e reside há um ano em Florianópolis. – Esse formato de apresentação fez toda a diferença para a premiação. Ano passado eu ganhei “Melhor Melodia” e esse ano estou muito feliz com essa conquista em um festival que é representativo, que é a célula-mãe dos festivais nativistas do Sul. Estou muito contente. É um prêmio para ser saboreado porque são mais de 30 anos fazendo canções para o Rio Grande do Sul. Com certeza é um prêmio que baliza mais ainda minha trajetória como músico e intérprete do cancioneiro regional – conta Tuny Brum.

CONFIRA TODOS OS VENCEDORES DA 44ª CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA

Calhandra de Ouro: Eu e o Balde

Ritmo: Milonga

Letra: Flávio Saldanha

Melodia: Nilton Ferreira

Interpretação: Nilton Ferreira

Calhandra de Prata: Partilhas

Ritmo: Canção

Letra: Silvio Genro

Melodia: Carlos Madruga

Interpretação: Ricardo Tubino

Calhandra de Bronze: Uruguai